7 músicas para o Rage vir ao Brasil este ano
Vem, Rage!

Se você cresceu ouvindo o Rage Against the Machine provavelmente acompanhou as injustiças do mundo a partir das músicas e vídeos dos caras. A menos que você tenha passado as últimas décadas do outro lado de nosso planeta plano (HAHA), a banda norte-americana, que surgiu em 1991 e conquistou o mundo com seu rapmetal totalmente politizado, sempre trouxe à luz temas como desigualdade social, segregações raciais, perseguições de minorias e guerras em nome de dinheiro.
Donos de um estilo único que mescla gêneros musicais radicais como o rap, funk e metal, o Rage alcançou a fama destilando sua atitude revolucionária e espontânea, sem importar-se com gravadoras, empresas, governos ou até mesmo o público. Uma legião de fãs passou a ver nos quatro integrantes do grupo – Zack de la Rocha, Tom Morello, Brad Wilk e Tim Commerford – seus anseios por uma sociedade mais justa. O vocalista Zack, descendente de mexicanos, e o guitarrista Tom, filho de ex-guerrilheiro no Quênia, trouxeram ao RATM muitas de suas experiências pessoais, fator chave para a identificação do público.
Depois da separação em 2000, da reunião em 2007 e do encerramento das atividades em 2011, a banda anunciou no em novembro do ano passado em uma nova conta no Instagram seu retorno aos palcos para apresentações nos EUA em março e abril de 2020, incluindo o festival Coachella.
Para nós da Revolution Radio não há melhor época para a volta do Rage – e para uma visita ao Brasil. Explicamos abaixo, em uma lista com 7 músicas que gritam os motivos.
Divirta-se e lembre sempre: anger is a gift.
“Killing in the Name”
O primeiro hit do RATM é inspirado no caso de espancamento do motorista negro Rodney King por policiais de Los Angeles em 1991. A absolvição dos agressores pelo júri, mesmo com o incidente transmitido à exaustão pelos canais de TV, desencadeou os famosos distúrbios raciais de Los Angeles. A faixa, que abre com a frase “Alguns dos que estão no poder / São os mesmos que queimam cruzes”, fazendo um paralelo entre a polícia e a Klu Klux Klan, se tornou um hino à resistência.
Infelizmente, a escalada de governos com tendências fascistas e uma polícia autorizada a ser ainda mais truculenta torna a mensagem hoje mais atual que na época de seu lançamento.
“Wake Up”
Ainda do mesmo álbum de estreia, “Wake Up” dá continuidade à luta contra o racismo, agora sob um enfoque mais amplo, citando os grandes líderes dos direitos civis dos negros, Martin Luther King e Malcom X. Em 1992 provavelmente Zach, Tom, Tim e Brad não imaginariam a ascensão de grupos supremacistas brancos em pleno século XXI. É tempo de acordar novamente.
“Sleep Now in the Fire”
Proveniente do terceiro disco do Rage, The Battle of Los Angeles, “Sleep Now in the Fire” é uma crítica ao capitalismo e ao lucro a qualquer custo. Para ilustrar a ideia por trás das letras, a banda decidiu rodar o videoclipe oficial nas escadarias da Bolsa de Nova York, sob a direção do famoso documentarista Michael Moore. De acordo com ele, “decidimos filmar o vídeo em território inimigo”. O resultado foi a prisão do cineasta e a paralisação da bolsa durante meio dia. Com acordos ambientais sendo ignorados e direitos trabalhistas atropelados em nome da grana, não faltarão palcos para o grupo reproduzir a performance na pátria amada em 2020.
“Bulls on Parade”
Afrouxamento de regras para porte de armas, cultura da violência, glorificação da brutalidade em detrimento da educação. Poderíamos estar falando dos EUA dos anos 90, mas “Bulls on Parade” também cai como uma luva para descrever o Brasil de hoje. O single que encabeçou o lançamento de Evil Empire, segundo álbum do grupo, manda uma mensagem diretaça que tem tudo a ver com os pensamentos de alguns governantes e seus seguidores fanáticos da atualidade: “Weapons – not food, not homes, not shoes, not need” (“Armas – nada de comida, nada de lares, nada de sapatos, nada de necessário”).
“Testify”
Para apresentar de uma forma bem didática a mensagem de “Testify”, o Rage optou novamente pelo olhar afiado de Michael Moore para mostrar as semelhanças entre os candidatos presidenciais das eleições dos EUA em 2000, George W. Bush e Al Gore. As mesmas promessas, os mesmos jargões e a mesma falácia que envolve o eleitorado em um clima fanático de final de campeonato de futebol. Com o agravante das redes sociais, bots e fake news, a banda em 2020 terá que executar a música mais e mais, e em um volume cem vezes mais alto, para que as pessoas parem de acreditar em falsos ídolos e deixem de segui-los até o precipício. O vídeo termina com um letreiro dizendo que a maioria dos norte-americanos não votariam naquelas eleições simplesmente pela falta de opção na cédula. Qualquer semelhança com o Brasa não é mera coincidência…
“Freedom”
A letra da música, uma ironia à “liberdade” que governo, mídia e corporações tentam nos empurrar goela abaixo, também cita a indiferença ao meio ambiente. O videoclipe vai numa linha menos subjetiva: as cenas mostram o caso de Leonard Peltier, líder indígena norte-americano acusado sem provas concretas pelo assassinato de dois agentes do FBI. Preso desde 1977, Peltier continua na prisão até hoje. Em 2020, além da censura, o Rage vai se deparar por aqui com a desapropriação de territórios indígenas e a morte de seus líderes, além das maiores taxas de assassinatos de defensores de minorias e direitos humanos. Atualizando o letreiro final do vídeo: a justiça ainda não foi feita.
“Calm Like a Bomb”
Para finalizar esta lista, elegemos uma faixa menos famosa, mas não menos politizada. A letra não deixa nada de fora: desigualdade social, guerra, segregação, ganância, pobreza, fome, barreira policial – tá tudo lá. No entanto, escolhemos a música simplesmente pelo seu título, que também compõe seu refrão. “Calm Like a Bomb” ecoa o sentimento de todos nós ao atravessar um momento de retrocesso total: estamos calmos… como uma bomba.
Assim como os caras do Rage. Bem-vindos de volta!
Para defender os direitos humanos, Anistia Internacional sempre!
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