Oxigênio mostra a força do hardcore em edição histórica
Dead Fish, O Inimigo e Pense entre os destaques

Por Ste Reis
No último final de semana, rolou em São Paulo a terceira edição do Vans apresenta Oxigênio. Festival de música independente com curadoria da Gig, liderada pelos antigos donos do Hangar 110, em parceria com a Vans, reuniu 37 bandas e um público fiel do underground brasileiro. Sem grandes eventos no calendário musical que reúnam um line-up nacional tão genuíno, o Oxigênio já tem cara de encontro anual da galera do punk, skate e cena independente.
O evento ficou marcado por coros uníssonos dos maiores hits do punk e HC nacional, revelou surpresas da cena, mostrou o companheirismo das bandas e engajou o público para causas sociais. Bandas como O Inimigo, Dead Fish, CPM 22 e Big Up, pediram aos fãs para trocarem o merchan por uma contribuição às vítimas do incêndio na favela do viaduto Alcântara Machado, na Zona Leste. O Pense teve beijo gay no palco e muitas bandas mencionaram a censura ao filme do Marighella. É claro que não faltou coro de Fora Bolsonaro, incontáveis moshpits, “Jesus” no bate-cabeça (assista no Instagram da Revolution) e workshops de buttons e zines promovidos no stand Do It Yourself da Vans.
Rolou muita troca dentro e fora do palco. Nenê Altro vestiu branco pra fazer backing vocal na nova banda de Teco Martins, Charles Taylor (baterista da Pense) cantou Marighella junto com a Big Up, Danilo Cutrim (vocal do Braza, ForFun) cantou junto com os cariocas do Rivets, Badauí assistiu ao show completo do Dead Fish do cantinho do backstage e Sapataria compartilhou o microfone com Charlotte Matou um Cara em “Punk Rock não é só pro seu Namorado”, um clássico do Bulimia.
Dia 1: Clássicos nacionais e novatos fecham o primeiro dia de evento
- Bayside Kings tem um som pesadíssimo e o show foi muito enérgico, vocal nervosão, deixou a galera na pilha. Para quem curte vocal nova-iorquino como Biohazard, Downset e Madball, é um prato cheio. Para o nosso editor, Cris, um dos melhores da noite:
- O Cefa também segue a linha do progressive rock cheio de firulas e criatividade com letras em português. Uma geração que está se embrenhando em experimentações musicais sem se preocupar com rótulos:
- O Inimigo: Punk rock com roupagem oldschool, mas que soa contemporâneo ao retratar problemas atuais do Brasil: não percam um show:

- Teco Martins: Do hardcore melódico do Rancore a uma fase completamente nova, investiu forte no carimbó e nos ritmos brasileiros, definitivamente surpreendeu
- Dead Fish: apostou em tocar o último álbum Ponto Cego na íntegra sem medo de perder fãs em busca de hits. Recado dado em cada letra, críticas políticas afiadas. Deram um biscoito no final com “Sonho Médio”:

- CPM 22: quem não sabe cantar, não viveu. Apostaram no óbvio e em um set com clássicos de toda a carreira. Galera foi ao delírio em Regina’s Let’s Go, Atordoado, Anteontem e da fase mais ska: Honrar Teu Nome. Missão cumprida.
Dia 2: Emo não morreu; feminismo no palco e posicionamento político
- RDP: Com Jão na guitarra e vocais (zoou o João Gordo chamando ele de traidor HAHAHA). Segurou o show, mas na real o setlist foi pouco empolgante; além disso, como foi no começo da tarde, o festival ainda estava meio vazio:

- The Monic: banda nova só de mina com MUITA atitude; bem rockers, na linha guitar/grunge, lembram um pouco L7, sonzeira crua e potente. Mandaram vários recados feministas, estavam de branco em protesto à morte de uma ativista dos direitos das mulheres. Baita surpresa boa:
- Nervosa: minas do metal EXTREMO, já tinha ouvido falar, mas nunca visto antes ao vivo. Avalanche sonora com as caretas da vocal Fernanda Lira. Um show e tanto!

- Molho Negro: Power trio de guitarras TOTAL rockers, pra mim a banda com melhor atitude e presença no palco do dia. Caras que maltratam os instrumentos, fazem distorção com reverb nas caixas de som e arrebentam cordas de guitarra
- Gloria: O Emo não morreu. No show da Fresno na última edição isso ficou mais que claro. Comoção geral, letras na ponta da língua, muita participação do público
- Pense: show bem enérgico e com atitude positiva. Para nós, o maior e mais engajado público do Oxigênio. Legal ver o público pirando e cantando junto de uma banda nova, engajada e fora do mainstream
Dia 3: Encerramento sem Far From Alaska e Autoramas no auge
- Sapataria: banda selecionada pela organização + voto popular para abrir o 3º dia. Banda de minas lésbicas, como o próprio nome diz, fazem punk rock cru e politizado. Muito bom!
- Wiseman: rock alternativo pesado, subiram no palco com a bandeira da Marielle
- Charlotte Matou um Cara: punk rock feminista, BEM bacana. Reencarnação do Bikini Kill no Brasil de 2019 (até tocaram Rebel Girl), mas o mais daora foi o feat com o Sapataria em Punk Rock não é só pro seu Namorado, clássico do Bulimia
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Violet Soda: banda nova na linha grunge/alternative rock, a vocal tem MUITA atitude rocker. Recomendamos “Candyman” e “I’m Trying”
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Armada: Punk rock oldschool, a nova reencarnação do Blind Pigs (3 dos caras eram da banda). Único show do ano foi no Oxigênio
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Esteban: o ex-baixista trevozão da Fresno com um som tranquilão, estilo (não conhecemos muito) Marcelo Camelo. De qualidade, mais pra ficar de boa

- Cólera: punk rock brazuca raiz, dois integrantes antigos e dois bem novos. Tradição.
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Strike: comoção emo. Os caras agitaram MUITO a galera. Mas, tiveram o show interrompido pela falta de luz, que no final, acabou encerrando o festival mais cedo. Uma pena.
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Autoramas: de longe o show mais psicodélico do Oxigênio. Estrobo a mil e o som dos instrumentos no talo, fiquei surdo e vi a galera tampando os ouvidos. Foi louco.
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Granada: banda na linha de NXZero, agitou bem a galera enquanto não rolava (e nem rolou) o Far From Alaska.

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